20.10.05

pra não dizer que não falei das armas

Recebi isso por e-mail, portanto não é meu - espero que seja de fato do senhor Içami Tiba, que é uma pessoa excelente pelo que percebo através de seus livros - mas de qualquer maneira é exatamente o que eu penso a respeito desse papo de referendo. Publico aqui pois gostaria que as pessoas que estão passando pelo blog pensassem sobre e que isso depertasse tamanha vontade de mudar alguma coisa como desperta em mim.
Essa semana fiquei sabendo de uma coisa muito feia sobre a falta de ética, honestidade e hipocrisia que infelizmente não posso relatar aqui, e depois de ler esse texto penso que realmente as pessoas precisam pensar mais em dignidade e menos em dinheiro.

Tem uma frase que - não sei quem é que escreveu, se alguém souber por favor me diga - que resume exatamente o que eu quero dizer, embora a princípio seja muito difícil de alcançar:

"Felicidade é quando aquilo que você pensa, aquilo que você diz e aquilo que você faz estão em perfeita harmonia."

PENSEM! REVOLTEM-SE! HAJAM!


DESARMAMENTO - DR. IÇAMI TIBA

Sou Tiba, psiquiatra, psicodramatista e educador. Mais do que com armas, é com conhecimento que se pode fazer uma reviravolta neste país, que sobrevive, apesar da falta de ética de parte grande dos nossos governantes. Não é possível que o povo brasileiro seja mobilizado a ir às urnas neste plebiscito - cujo sentido é ainda discutível - num momento político de comprovados e vergonhosos "mensalões" e "mensalinhos", demonstrativos de que boa parte dos políticos brasileiros visam mais o seu próprio bem do que o cumprimento com honra, ética e sensatez, dos cargos para os quais foram eleitos.

Revolta-me um governo que promove um plebiscito, fingindo querer ouvir o povo, mas com uma pergunta capciosa. Por que não perguntar se o brasileiro gostaria de ver sua mulher e filhos estuprados e sua casa arrebentada porque os "maus elementos" estavam armados e ele desarmado? Qual a diferença que existe entre tais "maus elementos" que nos assaltam, armados com armas de fogo, e outros que, tendo o poder nas mãos, nos assaltam com uma caneta, nos tirando quase três meses de cada ano trabalhado para lhes sustentar, enquanto a nossa família praticamente passa fome?

O mau está no espírito das pessoas e não nos que elas têm nas mãos. Morre-se, também, em números assustadores, em acidentes de automóvel. Não seria o caso também de se fazer um plebiscito para proibição da venda de carros e combustíveis? Tudo dependeria de como se direciona a pergunta à população: Você é contra as pessoas continuarem morrendo ou matando por atropelamentos e acidentes de automóvel ? Então vote a favor da proibição da comercialização de carros e combustíveis.

O que me deixa indignado neste país é a absoluta falta de transparência das autoridades. Manobras e campanhas são realizadas para ocultar a falta de ética de nossos governantes - e nenhum país sobrevive à falta de ética, com ou sem arma de fogo... Preocupa-me, ainda, saber quem será o grande beneficiário de mais este gasto com este plebiscito. Muito mais útil e correto seria utilizar esta importante verba para a educação.
Dos grandes problemas deste país não destacamos somente a falta de estudos, cultura e educação, mas também o mal uso econômico e ético que as elites políticas fazem deste povo. O povo brasileiro tem bom coração. É um povo tão carente, necessitado e crédulo que bastam algumas palavras bem ditas, que mexam com a sua emoção, basta que recebam chaveirinhos, camisetas e bonés, que dentro do contexto de falta de consciência política que impera, seja facilmente manipulado, em detrimento de sua própria dignidade e condição devida.

O governo, através de uma inteligente manobra de massas, mais uma vez vende ao povo a idéia que são as armas de fogo as culpadas pela violência e, numa eficiente estratégia de marketing, "mata dois coelhos com uma cajadada só":

a) demonstra estar adotando providências contra a criminalidade; e
b) esconde sua ineficiência e incapacidade de lidar com a situação da violência desmedida que se encontra nosso país;

Mais que isso, o governo afasta de si a responsabilidade e a transfere ao povo, através de uma pergunta simpática à primeira vista, e pela qual já vem fazendo uma campanha oculta há muito tempo. Assim, no futuro, quando a violência e criminalidade não diminuírem, sempre restará a resposta da elite política de que a vontade do povo foi cumprida... Mais uma vez, com a experiência de educador que tenho, reforço: Não são esses tipos de medidas populistas que farão efeito. Somente os livros, a educação a longo prazo e a ética - palavra em falta no vocabulário de nossos políticos - é que poderão mudar esse Brasil.

Içami Tiba
Psiquiatra - http://www.tiba.com.br/

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu voto Não!!! :o)
Mil coisas... nem tenho mais como falar.

Anônimo disse...

Eu postei ontem sobre este tema, claro, não escrevi tão bem, mas ele resumiu bastante o que eu penso. Custo do referendo = 260 milhões; O referendo em si não vota pelo desarmamento e sim pela proibição do comércio dentro do Brasil, mas se você comprar uma arma fora, poderá registrar! Não existirá, neste momento o desarmamento.
Eu voto NÃO, triste, pois gostaria que este não fosse um referendo manipulador com a única finalidade de desviar os nossos olhos de temas mais importantes como fome, miséria, doença, falta de moradia, falta de segurança, extinção do 13º(já aprovada na câmara de deputados e à espera do senado), CPIs, transposição do "Velho (e quase morto) Chico", casos Celso Daniel, caso Maluf, casos e mais casos...
Depois de ver ontem o filme "O Jardineiro Fiel" começo a desistir de ser humano e de acreditar nesta espécie, reclassificada momentâneamente como desumana. O filme é ficção, mas no fundo, sabemos que não é tão ficção assim.